Despeço-me dos beijos
Por um momento paralisei, seus olhos fitaram os meus, tão profundamente, que me senti invadida, e como se meus segredos fossem revelados, ruborizei. Longos segundos aqueles em que nosso olhar conversava em silêncio. Eu com vontade de dizer tudo, e em você, o mistério. Tiveram dias em que me apaixonei. Sempre sem saber ao certo o que fazer, quando, de súbito, nos deparávamos. Às vezes fugida, continuava o caminho a passos largos, outras vezes, ficava. Mãos frias, voz que vacila num “oi” e seus olhos me deixando sem jeito, insistentemente. Nos dias em que me apaixonei, descobri em mim sorrisos furtivos, tive vontade de fazer um poema, talvez um romance... Porém, pela primeira vez escrevo. Meu sentimento é vício, e se há mais lágrimas enquanto o alimento, esquecer é o remédio. Escrevo porque acho que nunca compreendeu, palavras faltaram com freqüência. E não confesso para ti, nessa madrugada insone, o que sinto, confesso para mim: que desde o início me apaixonei, mas não te amo.