domingo, fevereiro 25, 2007

Sossego


Foi numa noite em que brindamos o copo de cerveja, sem mesmo saber nada direito sobre um e outro. E na mesma mesa, rindo e jogando conversa fora começamos a descobrir pequenas características em comum e no final da noite, que chegou num estalo rápido, o papo era tão bom, que fizemos um café e esperamos a manhã ainda acordados. O teu olhar que sorria e não trocava de olhos, era os meus que mirava e eu os teus. Aconteceu de repente, sem que pudéssemos prever e interromper. Como o destino que fala mais alto e cala todos os contras, que possam confundir a mente, com um beijo. E depois do primeiro beijo, que ainda acontece repleto de medos, o resto se segue numa intensidade insaciável de quem sabe que o tempo é curto. Pois pelas noites regadas a violão, pelas músicas, por combinarmos jantares, e, principalmente, por ser tão bom dormir com o braço em volta de você e acordar com você. Por tudo isso te digo que não sei mais como vai ser ter que fingir que nada aconteceu, deletar as coisas da cabeça, sempre detestei pessoas que fizessem isso. É complicado, eu sei, o mundo chega uma hora e desmancha o sonho, e os sonhos, como sonhos são sempre efêmeros. Mesmo os momentos ruins não apagam os bons, e eu achei que ia ser mais fácil não visualizar o abismo, mas é difícil não pensar em você e querer que volte logo, e querer jogar tudo para o alto e viver, simplesmente viver sem amarras. Saudade... Saudade que dói, saudade da praia domingo, do sossego contigo e depois do samba dormir vendo um filme. Eu penso menino, melhor não saber e amar cada instante que a gente viver. Consegui dar à música um último verso e com o verbo que me arrisco dizer ser sincero. Guardo a tua carta com um beijo e faço dessa a minha carta.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Roda que Roda

Chegou e adentrou terreiro
Festa de batuque, orixás
As velas no meio da mesa
Os santos a lhe observar
Os pais e os filhos de branco
São tantas contas no colar
A preparação do banquete
As cores, o grito e oxalá.

Que roda que roda morena,
Tuas tranças que rodam pequenas
Que roda que roda morena
No meio da roda tua renda
Que roda na saia, mulata
Vestida de branco a rodar
São tantos tambores na roda
Não dá pra parar de rodar

Começa na voz uma reza
Que vai propagando a cantar
Mulheres acendem cigarros
Pra mais um presente ofertar
Repique que começa manso
É casa de Oxum pode entrar
Nos pés as sandálias arrastam
Galinha na mão sem voar

Nas águas se vai o barquinho
Feito pra Rainha encontrar
Nas ondas navega o pedido
Traz bastante peixe Iemanjá
É mais um motivo pra festa
Comida no coco é o que há
Raízes da mãe africana
Batuque pros Deuses, girar

sábado, fevereiro 03, 2007

Manhã

O amarelo vem trazer manhã
E o sol que faz o azul, manhã
Abre os teus braços coloridos
E diz que a escuridão já foi
E se a noite que vem assusta... Manhã
Vem, estabelecer que o dia deve nascer
Apesar de toda a escuridão, não
Caminho que se faz a pé
O bonde deixa lá na serra
Diz o teu nome em meu ouvido
Palavras colhidas tal flor
E se então é o amor que assusta... Manhã
Vem, estabelcer que o dia deve nascer
Apesar de toda a escuridão, não
Quando cantávamos de cor
As músicas que já não posso ouvir mais
Eu cantava bem baixinho
Pra sua voz sobressair
E se me calo e fecho os olhos... É pra ouvir
Canta, que o desencanto segue a manhã
E o que era bom desvaneceu, lua nova
Vem, que o dia não vai além
Nos sonhos o que aconteceu, parece tarde
De manhã