segunda-feira, setembro 24, 2007
domingo, setembro 16, 2007
Socorro, alguém me dê um coração...
Você tocou a campaninha. E eu, fechada dentro de mim, por um bom tempo agora, esperava. Não abri no primeiro instante, esperei mais um pouco, para guardar o momento da dúvida. Tinha aprendido a esperar, pelo seu tempo, pelos seus medos, por você. Você sempre se atrasa. E eu me importo, fecho a cara, depois passa. Voltei a mergulhar em livros, os personagens me rodeiam, menos os meus próprios que ficaram meio de lado. Outro dia, fumava na janela. Chovia lá fora. Um pingo apagou a chama e não percebi o cigarro morto entre os dedos, que tornei a levar até a boca. Achei graça. Não sei mais o que busco. Resolvi esperar que as coisas me achem. Te vi chorar hoje, momento estranho, como se a situação se invertesse um pouco. Teus olhos marejados, a baia passando pela janela da barca. Todos bêbados, o sol nascendo alaranjado e meio míope pelo vidro. Quis te segurar bem forte e dizer qualquer consolo bom que te acalmasse. E depois do sono pesado, você nem lembra direito, engraçado. Resolvi sair da bolha. Estourar o universo de pensamentos que me atravancam e seguir. Pra onde, não importa. Eu abri a porta. Algumas vezes era você, outras não. É sempre assim. Não sei se o problema é comigo, se sou eu quem complica tudo. Pode ser. Talvez não saiba lidar com o simples. Talvez a alma poeta, melancólica, me tome e dite o meu caminho, autoritária. Por isso sofro, mas passa. Como tudo. O coração que apanha, várias vezes. Depois não sinto nada. E me agarro quando sinto, como última esperança. Agora ele ta voltando a ficar calmo, resolvi destituir a pressa. Vi que os outros também choram, cada um com a sua dor, eu com a minha e a gente vai levando. Domingo não tem um gosto bom, o telefone não toca, é um dia solitário. Mas a solidão, no fundo, é uma companhia para todos, por mais que rechaçada. O amor o pior dos remédios. E a gente se olha, e se pergunta como lidar com a situação. Eu não sei, você menos ainda. E entre os trancos e as noites mansas a gente tenta se entender. E depois, cada um para sua casa.
quinta-feira, setembro 06, 2007
Aprofundando o fundo
Noite, mais uma dessas, e pensar que em todos os dias até hoje tiveram noites assim. Quando quero que o tempo passe, penso: Bom, ontem queria que o expediente acabasse e, não é que de repente... O de ontem faz tempo, e o de hoje logo passa. Estranho, estou entre meandros, meandros da vida, do tempo das coisas. Não consigo decidir. Às vezes, preciso ficar em cima do muro para checar os lados, pra ver se descer é seguro, se escolher é seguro. Tão tranqüilo, vai se levando na inércia, comodidade de quem não sabe decidir. Embora se fizesse a hora, e eu soubesse... A ampulheta naquele revirar e virar constante, matando o tempo na areia que cai
sábado, setembro 01, 2007
Para alcançar estrelas
Para alcançar estrelas te fiz um poema. Depois uma música, que cantei para espalhar pelas bocas e ver se chegava aos seus ouvidos. Mais tarde te fiz ciúmes com amores passageiros e proibidos. E te segurei em bares a troco de cervejas e cigarros, sem querer que me escapasse no último instante, te puxava pelo casaco, fechava a porta... Fui colecionando estrelas. Fui colecionando conquistas entre noites solitárias, guardando momentos, em parte cuidadosamente separada da gaveta. Escolhendo palavras para te dar de presente, mesmo que você nem soubesse, nem nunca lesse. Em teu sono, de leve, dormia minha tranqüilidade no auge da minha insônia. Para alcançar estrelas tentei ser diferente, me adaptar ao seu jeito. Porque quando se gosta, não se deixa de lado, muito menos se bate a porta. Quero gana de aproveitar amor quando se tem, quando se sente. Muito covarde enterrá-lo por baixo de histórias sem importância, em noites de bebedeira, em pessoas vazias. Não funciona. E no fundo, cada vez mais sozinho. No final tentei roubar estrelas subindo escadas... Te escrevi uma carta, com ponto que terminava, sem beijos, porque doía pensar em beijos se não fossem sinceros. Não pensei nas palavras, ia movida a decisão de razão, enquanto o emocional chorava tão literalmente que embaçava o quê escrevia. Me esticava toda para ver se alcançava lá, bem lá no alto. Voltei a escrever porque me inspirava. E mesmo quando não se tinha mais o que falar e você me tirava da festa, a gente ria à toa. E era ali que eu ficava, perdida quando me olhava e eu te olhava de volta, para quê palavras? Era ali que elas brilhavam, na noite dos seus olhos, tão perto... Tudo isso para te fazer apaixonar e ai sim, finalmente as estrelas.