segunda-feira, setembro 24, 2007

Eu preciso dizer mais uma vez que te amo. Então, por favor, seja forte e acorda logo. Eu rezo, todos rezam. E peço pra quem quer que seja, pra qualquer força maior que resulte, que você melhore. Tento jogar ceticismos fora e me apegar à fé. Mas o quê me acalma é escrever, como bem sabe, e também gosta. Acho válido acreditar que as minhas palavras possam te atingir de alguma forma. Não consigo dormir pai, to com saudades. Tudo dói. A angústia de te ver assim, me deixa formigando, não me deixa dormir, e fica um nó na garganta que não sai. Melhora, vamos voltar como era antes. E a meta dos 111 anos como fica? Vamos brigar por ela, seja forte, por mim? Pela minha mãe? Todos choram. E você dorme no teu sono profundo... Acorda vai. Eu não consigo dormir, como quando eu era criança, e você sempre vinha me acalmar, sempre, você... E eu dormia, agora não dá. Então eu rezo, então eu choro e não consigo parar de pensar. Suas coisas no mesmo lugar, os óculos na mesa, parece que você vai abrir a porta a qualquer instante. Vamos combinar que você volta? A Nina não sai de perto da porta, me olha por longos minutos algumas vezes, como se lesse meus pensamentos. Ela entende e também te espera. Chega! Vou acreditar que vai dar certo, porque preciso. Não acho justo. Prometo que te paparico muito. Queria estar perto... E se nos teus sonhos você me encontrar, ouça o que direi: eu te amo. Depois disso chega de sonhar, abra os olhos para que a gente possa se ver, e para que eu possa sorrir.

domingo, setembro 16, 2007

Socorro, alguém me dê um coração...

Você tocou a campaninha. E eu, fechada dentro de mim, por um bom tempo agora, esperava. Não abri no primeiro instante, esperei mais um pouco, para guardar o momento da dúvida. Tinha aprendido a esperar, pelo seu tempo, pelos seus medos, por você. Você sempre se atrasa. E eu me importo, fecho a cara, depois passa. Voltei a mergulhar em livros, os personagens me rodeiam, menos os meus próprios que ficaram meio de lado. Outro dia, fumava na janela. Chovia lá fora. Um pingo apagou a chama e não percebi o cigarro morto entre os dedos, que tornei a levar até a boca. Achei graça. Não sei mais o que busco. Resolvi esperar que as coisas me achem. Te vi chorar hoje, momento estranho, como se a situação se invertesse um pouco. Teus olhos marejados, a baia passando pela janela da barca. Todos bêbados, o sol nascendo alaranjado e meio míope pelo vidro. Quis te segurar bem forte e dizer qualquer consolo bom que te acalmasse. E depois do sono pesado, você nem lembra direito, engraçado. Resolvi sair da bolha. Estourar o universo de pensamentos que me atravancam e seguir. Pra onde, não importa. Eu abri a porta. Algumas vezes era você, outras não. É sempre assim. Não sei se o problema é comigo, se sou eu quem complica tudo. Pode ser. Talvez não saiba lidar com o simples. Talvez a alma poeta, melancólica, me tome e dite o meu caminho, autoritária. Por isso sofro, mas passa. Como tudo. O coração que apanha, várias vezes. Depois não sinto nada. E me agarro quando sinto, como última esperança. Agora ele ta voltando a ficar calmo, resolvi destituir a pressa. Vi que os outros também choram, cada um com a sua dor, eu com a minha e a gente vai levando. Domingo não tem um gosto bom, o telefone não toca, é um dia solitário. Mas a solidão, no fundo, é uma companhia para todos, por mais que rechaçada. O amor o pior dos remédios. E a gente se olha, e se pergunta como lidar com a situação. Eu não sei, você menos ainda. E entre os trancos e as noites mansas a gente tenta se entender. E depois, cada um para sua casa.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Aprofundando o fundo

Noite, mais uma dessas, e pensar que em todos os dias até hoje tiveram noites assim. Quando quero que o tempo passe, penso: Bom, ontem queria que o expediente acabasse e, não é que de repente... O de ontem faz tempo, e o de hoje logo passa. Estranho, estou entre meandros, meandros da vida, do tempo das coisas. Não consigo decidir. Às vezes, preciso ficar em cima do muro para checar os lados, pra ver se descer é seguro, se escolher é seguro. Tão tranqüilo, vai se levando na inércia, comodidade de quem não sabe decidir. Embora se fizesse a hora, e eu soubesse... A ampulheta naquele revirar e virar constante, matando o tempo na areia que cai em gotas. Eu ali, os olhos grandes de quem preocupa, mas cedo do que tarde teria que pular, eleger um lado. O respirar mais fundo, a chama do fósforo até o cigarro. Começou assim, peguei o ônibus, a mochila nas costas, a mala no bagageiro e o violão a tiracolo. Era o necessário, me taquei no mundo. Inocência de quem busca. Ao futuro, um brinde no bar. E agora vem e me pergunta: e ai?... Sei lá, camarada, me deixa curtir mais um pouco, acreditar que a juventude não passa. E ele se volta: e o cinema dos olhos? A arte? Olho-me no espelho, cabisbaixa: e a vida? A casa? Como se leva? Como se paga?... Desilusão de quem enxerga e repara. Deixei de acreditar que sonhar é por necessidade o combustível que mantém, o fracasso foi me pegando aos pouquinhos. Pode ainda ser cedo, resta o último trago. Uma amiga disse: você sabe que seus textos são um bocado profundos... Com a cara de quem quer dizer: você se enrola. Difícil se fazer entender. Me conheço melhor quando escrevo, e nas minhas confusões lá vem trabalho, casa, paixão. Tudo complicado, se embolando em nós, um por cima do outro, sem espaço. Do jeito, que ironicamente, eu gosto. E me pego sem saber responder uma pergunta boba, sem querer responder, me calo. Te olho e penso: não bastam meus olhos aprofundando os teus enquanto espera se eu falo, ou não? Indo lá no fundo das tuas certezas. E você se esquiva e não entende nada.

sábado, setembro 01, 2007

Para alcançar estrelas

Para alcançar estrelas te fiz um poema. Depois uma música, que cantei para espalhar pelas bocas e ver se chegava aos seus ouvidos. Mais tarde te fiz ciúmes com amores passageiros e proibidos. E te segurei em bares a troco de cervejas e cigarros, sem querer que me escapasse no último instante, te puxava pelo casaco, fechava a porta... Fui colecionando estrelas. Fui colecionando conquistas entre noites solitárias, guardando momentos, em parte cuidadosamente separada da gaveta. Escolhendo palavras para te dar de presente, mesmo que você nem soubesse, nem nunca lesse. Em teu sono, de leve, dormia minha tranqüilidade no auge da minha insônia. Para alcançar estrelas tentei ser diferente, me adaptar ao seu jeito. Porque quando se gosta, não se deixa de lado, muito menos se bate a porta. Quero gana de aproveitar amor quando se tem, quando se sente. Muito covarde enterrá-lo por baixo de histórias sem importância, em noites de bebedeira, em pessoas vazias. Não funciona. E no fundo, cada vez mais sozinho. No final tentei roubar estrelas subindo escadas... Te escrevi uma carta, com ponto que terminava, sem beijos, porque doía pensar em beijos se não fossem sinceros. Não pensei nas palavras, ia movida a decisão de razão, enquanto o emocional chorava tão literalmente que embaçava o quê escrevia. Me esticava toda para ver se alcançava lá, bem lá no alto. Voltei a escrever porque me inspirava. E mesmo quando não se tinha mais o que falar e você me tirava da festa, a gente ria à toa. E era ali que eu ficava, perdida quando me olhava e eu te olhava de volta, para quê palavras? Era ali que elas brilhavam, na noite dos seus olhos, tão perto... Tudo isso para te fazer apaixonar e ai sim, finalmente as estrelas.