sexta-feira, março 28, 2008

Regurgitando (cuidado!)

E então tudo parece mais desfeito, com menos sentido do que antes. Porque a gente sempre procura um sentido. Eu digo, pra ir assim, um dia depois o outro. Precisa haver motivação e a fundamental paixão, por qualquer coisa. Ao menos pela poesia. A poesia da imagem, do som, da palavra, da vida. Algumas vezes ela escapa. Ai fica mais complexo. Quando a paixão derrete pelo corpo e vai dar em qualquer bueiro. De repente, faz menos sentido. E tudo feio, sem graça. Fica difícil, é preciso se esmerar e tentar recuperar o mínimo necessário para continuar vivendo. E blá! Nem o texto fica fácil de domar, fazer das palavras juntas algo agradável. Algo que faça encontrar a paixão. Minha cabeça fica branca, parece que não tem nada. Nem criatividade, nem beleza, nem vontade, muito menos motivação, que já vai longe. Fico mais num regurgitar impensado de colocar pra fora essas coisas que me matam um pouquinho sempre... Essas coisas como decepção. Sabe? Essa decepção que começa em uma amizade. No início você ignora, passa por cima dessas pequenas decepções, por se importar com a relação maior. Mas vem constantemente mais um pontinho negativo e outro, e mais um terceiro... E ai, você pensa: cansei! Puta que pariu! Porque raios que o parta, parece que só eu me estrepo? Será que sou alguém com quem não vale a pena se importar? Será que tenho cara de idiota? Ou de santa? Quer saber? Cansei de ser besta, cansei de dar com a cara na parede. E principalmente, cansei de ter que superar as coisas! Olha só, eu to farta de ter que entender tudo, eu to farta de ter que saber lidar com a situação, to farta de ser superior quando um monte de hipocritazinhos é mais sacana comigo por baixo dos panos. Isso pra mim tem outro nome, covardia! E pra quem é covarde nesse ponto e não tem coragem de assumir medos e falar na cara, que precisa ameaçar rompantes para ter o que deseja... Olha, para vocês eu pago com a indiferença! E é para você que eu falo, hipócrita! Cansei sim. E mais uma coisa, to sem tempo também. Para os outros que não tem nada, absolutamente nada com a história, os prováveis leitores desse vômito desabafo de palavras, me desculpem. É que eu precisava me abrir com alguém. E fiquem tranqüilos, porque no final das contas, isso não passa das loucuras de um personagem virtual.

sábado, março 15, 2008

Pensamento

Eu não sei o que é... Mas sabe aquele pensamento que vem quando você acende o cigarro, e dá o primeiro trago? Aquele mais longo que os outros, com a garganta ainda intocada... Ai ele vem, o pensamento. Normalmente seguido de um fixar de olhos no nada, porque não se vê nada. E a fumaça que sobe, e o pensamento que toma. Eu queria me apaixonar em toda esquina. E dizer coisas de amor que saíssem fácil. Porém sem grande envolvimento, com a precaução da distância segura. Entre os inenarráveis dias de tormento, hoje eu fico com a saudade. Sentimento que não compreendo. A saudade é triste, carrega a dor das coisas boas que já foram. E pelo pretérito passado não voltam. Parece que se vê como num filme a história de outro, quase um estranho, que não te pertence. Tenho saudade de tanta coisa que já me sinto velha. A velhice dos vinte e poucos anos. Algumas vezes penso que já nasci velha. E eis que em tela grande se vê a estrela que cai no mar... E o desenrolar da história, e os olhos no espelho, que entram no espelho e enxergam muito além da própria imagem. Eis que pronto, letras finais e música, quase me faz chorar, e como me faz sorrir. O cinema dos olhos, dos meus olhos, nos olhos de todos. E pensar que tudo começa por um pensamento, quando se acende um cigarro. Outras vezes penso que já nasci sozinha. Não a solidão dos depressivos, nem a solidão vazia dos mal amados. Apenas a solidão necessária, que vem como um vício para alimentar as palavras. O amor toma muito tempo.