sábado, setembro 18, 2010

Um passeio no campo mental

O “quando” que empurra!
Na tentativa de encontrar o que?
Não sei
se está em algum lugar.
Para dizer que é amor,
levaria muito mais
do que o tempo de algumas palavras.
Para compreender,
necessitaria muito além
de romances ligeiros e paixões truncadas.
Se espera.
Vai que lá fora faz um dia lindo!
E o sol que te bate no rosto
te esquenta por dentro.
Vai e corre, porque a rua é vazia de manhã
e é sua.
Por acaso nesse momento
é possível contemplar, logo ali, o que falta.
E decidir se continuar a correr
é o caminho.

quarta-feira, setembro 01, 2010

é desconcertante rever um grande amor

Sei lá. Foi isso o que Maysa disse quando Edu perguntou-lhe sobre a vida. E com a resposta evasiva, Edu foi-se pelo ônibus, com os fones de ouvido, com trilha sonora de Tom Jobim e paisagem de mar pela janela. E com aquela pouca informação a martelar na cabeça, e também com a imagem da expressão que logo em seguida tomou os olhos verdes, desconfiados, de Maysa. O leve apertar de olhos talvez significasse mais do que as palavras. E assim seguiu o caminho que as rodas apressadas traçavam, mas não ele, Edu simplesmente não estava ali.
Era muito além da pergunta, e Maysa sabia disso. Ela também queria falar muito mais. Sorriu ao avistar Edu do outro lado da rua. Pensou em atravessar, mas logo que a viu, Edu não pestanejou e foi encontrar com ela. Eles se reconheciam de longe. Eu ia te ligar, ele disse. Ela também tinha pensado nisso, mas a vida anda muito corrida. Ela estava feliz com a coincidência, mas estava atrasada, infelizmente. O sorriso dele se desfez, sem pudor de retornar à realidade. O sorriso dela saiu amarelo.
Falando de amor, sem exceção, Edu falava em Maysa. Mas ela nunca soube disso, é claro. Ela achava melhor não dizer nada quando esse assunto surgia, não tinha certeza se já tinha sido apresentada a tal sentimento. Mas em alguma ocasião a imagem de Edu lhe brotou na cabeça bem nesse momento, ela não soube explicar. Edu e Maysa não deram certo. Simples assim. Não houve briga feia, nem discussão que levasse a pratos quebrados. Nada demais. Um dia, descobriram que não eram feitos um para o outro. E foi isso.
Mais de um ano que não se viam, e pouco depois do meio dia, se esbarraram na rua. Como dois estranhos. Por pouco não passaram um pelo outro sem trocarem meia dúzia de frases. Por pouco não foram dois estranhos. Confirmaram telefones que já existiam na agenda. Se separaram com a promessa de se encontrarem em breve, cada um para um lado. Maysa não sabia definir o sentimento que lhe tomou logo depois. Edu não conseguiu tirar Maysa da cabeça o resto do dia.
Tanto ele, como ela, não sabiam se valia a pena ligar. Se deveriam marcar de se encontrarem, de se verem. Se teriam assunto, se ainda sentiam tesão um pelo outro. Se teriam a ver um com o outro, se ainda se divertiriam como antes. Se o beijo teria o mesmo gosto. Se retomar qualquer coisa seria maravilhoso, ou uma decepção. Os dois tinham sido um dia Edu e Maysa. Agora um era Edu e outra Maysa. Como vai a vida? Ele perguntou. Como a resposta era grande demais para ser resumida, ela não soube o que dizer.