segunda-feira, junho 05, 2006

Enquanto isso, a chuva...

Antes era só saudade, de leve. Depois, de forma nítida, cada momento sem ela, era falta. Os pingos começaram em seu ritmo de lentidão, como sesta apreciada de domingo. Em meio à rua movimentada, pessoas apressadas. Caio volta do trabalho, terno e gravata, segue em seu passo pensativo pisando nas poças recém formadas. A chuva insiste em engrossar as gotas e encharcar a roupa. Os transeuntes desprevenidos se protegem com qualquer coisa, ou correm. Caio vai até a marquise, espectador do cinema diante de seus olhos: os guarda-chuvas e sombrinhas coloridas são abertos e passam depressa com a sincronia de um balé, os carros levantam as águas e a chuva se estabelece num cinza escuro. Enquanto isso, seus pensamentos se perdem lembrando dela...
Da janela, Luiza assiste aos pingos batendo no vidro, vê as pessoas correndo e os carros engarrafados. Perto dela o cão, um labrador cor de caramelo. Porém está só, a solidão a corroia com a amargura de um velho desiludido, fazia alguns dias. Foi numa cena como aquela, se esbarraram na chuva, pela primeira vez Caio e Luiza. Os papeis caídos e estragados, a pasta molhada e ele sorrindo.
Ela continua a mirar a rua, sem saber que ele está logo ali, esperando. Enquanto isso, a chuva...

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi Marcela! Adorei o "Enquanto isso, a chuva...". Seus textos, tão gostoso ler, e uma identificação que me faz lembrar de como escrever é bom. Adorei mesmo. Continue sempre! Beijinhos

00:12  
Anonymous Anônimo said...

Coisa linda, como sempre!!!
Um talento!!!
Bjos

00:52  
Blogger Isabella Goulart said...

Que lindo! Gosto do Caio e da Luíza, gosto de como eles se gostam. Vejo que com esses dois protagonistas vc não vai ter problemas pra pensar em roteiros no próximo semestre... Vem qdo pra BH? Eu já estou aqui, me avisa quando chegar.

Bjo

16:50  
Blogger Stephanie said...

Ora, moça, muito bonito o seu texto. Essa imagem da chuva é ótima.

Pois é, às vezes as pessoas estão muito próximas e não se encontram. Se querem e não se tocam, e acabam, sabe-se lá por que remoendo solidão em dias nublados. Espero que esses dois se achem outra vez e invés de pensarem um no outro, se tenham.

beijo.

20:52  

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