Para alcançar estrelas
Para alcançar estrelas te fiz um poema. Depois uma música, que cantei para espalhar pelas bocas e ver se chegava aos seus ouvidos. Mais tarde te fiz ciúmes com amores passageiros e proibidos. E te segurei em bares a troco de cervejas e cigarros, sem querer que me escapasse no último instante, te puxava pelo casaco, fechava a porta... Fui colecionando estrelas. Fui colecionando conquistas entre noites solitárias, guardando momentos, em parte cuidadosamente separada da gaveta. Escolhendo palavras para te dar de presente, mesmo que você nem soubesse, nem nunca lesse. Em teu sono, de leve, dormia minha tranqüilidade no auge da minha insônia. Para alcançar estrelas tentei ser diferente, me adaptar ao seu jeito. Porque quando se gosta, não se deixa de lado, muito menos se bate a porta. Quero gana de aproveitar amor quando se tem, quando se sente. Muito covarde enterrá-lo por baixo de histórias sem importância, em noites de bebedeira, em pessoas vazias. Não funciona. E no fundo, cada vez mais sozinho. No final tentei roubar estrelas subindo escadas... Te escrevi uma carta, com ponto que terminava, sem beijos, porque doía pensar em beijos se não fossem sinceros. Não pensei nas palavras, ia movida a decisão de razão, enquanto o emocional chorava tão literalmente que embaçava o quê escrevia. Me esticava toda para ver se alcançava lá, bem lá no alto. Voltei a escrever porque me inspirava. E mesmo quando não se tinha mais o que falar e você me tirava da festa, a gente ria à toa. E era ali que eu ficava, perdida quando me olhava e eu te olhava de volta, para quê palavras? Era ali que elas brilhavam, na noite dos seus olhos, tão perto... Tudo isso para te fazer apaixonar e ai sim, finalmente as estrelas.
2 Comments:
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