terça-feira, abril 10, 2007

Brincos de Estrela

Não sei como começou, é estranho pensar nisso agora...
O amor dói, porque é o nosso amor que machuca nunca o amor de outra pessoa e ele ali, sozinho, num crescente inexplicável, escapa entre os dedos quando se tenta deter. Quis sufocar no início, para que o amor calasse. Para não ter que dizer... Sabe? Quando a correspondência do olhar não vem. Teus olhos, seu cabelo, seu sorriso, seu jeito, tudo em você era lindo. E algo mais, que não sei dizer, puxava meus olhos... As pequenas coisas de você. Mesmo com o armário cheio, no final, você escolhia as roupas de outros dias, que eu já conhecia. Por você não perceber, ou eu pensar que não, cada palavra desperdiçada nas nossas conversas longas, era para te fazer entender. E nos breves momentos que você esquecia sua mão na minha... Queria que esquecesse de lembrar. Tantas vezes quis dizer, de uma vez, me livrar do peso... Mas por medo de perder o que nunca tinha tido completamente, não dizia. O teu abraço doía e eu mal conseguia respirar... Todas as frases me pareciam por demais óbvias. Mas se eu voltasse e não dissesse, talvez não dissesse mais. Pensei ter deixado passar... Então não diria!
Não mais teria seus olhos, seus cabelos, sua boca, seu jeito tão próprio de me fazer apaixonar, não teria mais nada, sem abalos, sem sorriso, sem carinho, sem acontecer possibilidade, você nem imaginaria... E, por fim, o amor se dissiparia, calado ainda. O que eu sentia há tanto tempo se resumiu ali: era você... E aquilo retumbava na minha cabeça, como que para acreditar que tinham se desprendido finalmente da boca... Palavras que eu guardava só para imaginar como seria. Enquanto via teu rosto tão perto, e sua respiração sussurrada no ouvido, só pensava em embrenhar os dedos nos teus cabelos e beijá-la num rompante de loucura incontido. Depois, o silêncio incomodava um pouco. A gente não conseguia falar. Na hora, era difícil escolher as palavras, se é que palavras fossem mesmo necessárias. E o sonho e o real, se entremeando no instante em que se prende a respiração para acreditar. Tudo em um dia, em um único dia... Minha vida em um único dia. Como se depois de girar muito rápido em torno dos próprios pés, ela parasse, e não soubesse mais para onde ir. Talvez se perca por um outro caminho. Foi lindo... Mesmo que as horas distanciem cada vez mais esse dia e nos separem enfim, ficando apenas a lembrança... Aconteceu. Era difícil te olhar de manhã e imaginar que como sonho você poderia tomar tudo. Difícil lidar com as horas que insistiam em adentrar o dia e continuar ininterruptamente.

Beijos.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Gosto de poesia...aqui é o lugar.
Gosto de fotografia...aqui é o lugar.

Acertei na moscas...rss

Voltarei + vezes.

É isso ai.
Bjs

11:56  
Anonymous Anônimo said...

Já ouvi isso em algum lugar...

hehehe
beijoos

12:35  
Blogger Babi said...

Hum. Impossível não pensar no Julio lendo a carta sentado no meio da sala... sorry.

17:50  
Anonymous Anônimo said...

incrível como nos imaginamos sozinhos nessa dor...
e ao te ler eu busquei a interseção com a minha.
e a encontrei.
isso tudo dói.
até descobrirmos que tudo não foi tomado de nós.
e que as horas, que tanto nos maltratam
serão as únicas que nos farão esquecer de lembrar...

12:23  

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