Adentrando o desconhecido
Na virada:
Ao estourar dos fogos e misturar das cores no céu, ela fechou os olhos e soube que mais um ano se fundia a todos os outros que começaram com aquele do primeiro choro, do momento em que abria seus olhos para a vida. O quê viria agora? Regras novas no português, isso sim já era assustador. Vestia o verde da esperança e o vermelho no soutien, para inspirar novos amores. Já era mais de meia noite e foi-se mais de meia garrafa de champagne, o finalzinho jogou no mar enquanto pulava as sete ondas. Esqueceu-se da lentilha, dos pedidos, apenas sorriu quando os fogos começaram, sinceramente torcendo para que ali adentrasse um ano tranqüilo (ainda com trema – pois não sabia quando poderia aderir à nova ortografia). Os primeiros dias do ano foram de calma no ritmo zen do resto do feriado.
Nota sobre o ano que acaba:
Ficou por muito tempo sem se permitir interessar por outras pessoas, não que faltassem candidatos interessantes no caminho, até que não faltaram, mas ainda se sentia amarrada, ressentida, não poderia se envolver com ninguém assim, não seria justo, não sem conseguir se soltar. E como gostava de se soltar e de sorrir, e de correr puxando pelo dedo, pela areia da praia pequena, aquele que seria o motivo do seu beijo mais sincero. E como precisava sonhar com rostos que correspondessem o seu amor. Merecia isso, já há bastante tempo. De todos esses encontros do ano que acabava, se arrependia de um especificamente, que se viesse em hora mais apropriada, em que seu coração estivesse mais intocado, mais inocente e conseguisse bater no compasso de sua música preferida... Por esse motivo tinha vontade de começar tudo de novo e dizer oi, como se ainda não o conhecesse. E encher de possibilidades e mistérios, e quem sabe transformar em gostar, algo de um começo torto. Ou quem sabe outros mistérios mais interessantes a aguardassem no novo ano. Basicamente era isso que queria.
Nota sobre possibilidades do ano novo:
Que valha ressaltar ainda, apenas um sonho que teve. Entrou enquanto a música ainda tocava. Conhecia as pessoas que estavam ali, de outros tempos, de outros encontros, e como sentia saudades. Acomodou-se em uma das cadeiras, como qualquer outro espectador, daqueles que sorviam aos goles suas bebidas, e beliscavam aperitivos gordurosos. As músicas também eram de outros tempos e igualmente conhecidas. Permaneceu ali sem ser notada, também muito mais velha agora, bem diferente do que eles deviam se lembrar. Não podia culpar o tempo. No finalzinho, com o show terminado, várias cadeiras vazias, muitas pessoas se movimentando, indo embora, levantou-se, com receio de que não a reconhecessem quando estivessem cara a cara. Isso importava menos. Seguiu até o palco, fazia tantos anos. A coragem motivada pela saudade. Eles já começavam a enrolar os cabos, ajeitar as caixas, abrir as cases. Ela parou sem dizer nada, e os outros levantaram os olhos, sem conseguirem adivinhar. Se olharam e antes de falarem qualquer coisa, sorriram. Seria um bonito reencontro.
Ao estourar dos fogos e misturar das cores no céu, ela fechou os olhos e soube que mais um ano se fundia a todos os outros que começaram com aquele do primeiro choro, do momento em que abria seus olhos para a vida. O quê viria agora? Regras novas no português, isso sim já era assustador. Vestia o verde da esperança e o vermelho no soutien, para inspirar novos amores. Já era mais de meia noite e foi-se mais de meia garrafa de champagne, o finalzinho jogou no mar enquanto pulava as sete ondas. Esqueceu-se da lentilha, dos pedidos, apenas sorriu quando os fogos começaram, sinceramente torcendo para que ali adentrasse um ano tranqüilo (ainda com trema – pois não sabia quando poderia aderir à nova ortografia). Os primeiros dias do ano foram de calma no ritmo zen do resto do feriado.
Nota sobre o ano que acaba:
Ficou por muito tempo sem se permitir interessar por outras pessoas, não que faltassem candidatos interessantes no caminho, até que não faltaram, mas ainda se sentia amarrada, ressentida, não poderia se envolver com ninguém assim, não seria justo, não sem conseguir se soltar. E como gostava de se soltar e de sorrir, e de correr puxando pelo dedo, pela areia da praia pequena, aquele que seria o motivo do seu beijo mais sincero. E como precisava sonhar com rostos que correspondessem o seu amor. Merecia isso, já há bastante tempo. De todos esses encontros do ano que acabava, se arrependia de um especificamente, que se viesse em hora mais apropriada, em que seu coração estivesse mais intocado, mais inocente e conseguisse bater no compasso de sua música preferida... Por esse motivo tinha vontade de começar tudo de novo e dizer oi, como se ainda não o conhecesse. E encher de possibilidades e mistérios, e quem sabe transformar em gostar, algo de um começo torto. Ou quem sabe outros mistérios mais interessantes a aguardassem no novo ano. Basicamente era isso que queria.
Nota sobre possibilidades do ano novo:
Que valha ressaltar ainda, apenas um sonho que teve. Entrou enquanto a música ainda tocava. Conhecia as pessoas que estavam ali, de outros tempos, de outros encontros, e como sentia saudades. Acomodou-se em uma das cadeiras, como qualquer outro espectador, daqueles que sorviam aos goles suas bebidas, e beliscavam aperitivos gordurosos. As músicas também eram de outros tempos e igualmente conhecidas. Permaneceu ali sem ser notada, também muito mais velha agora, bem diferente do que eles deviam se lembrar. Não podia culpar o tempo. No finalzinho, com o show terminado, várias cadeiras vazias, muitas pessoas se movimentando, indo embora, levantou-se, com receio de que não a reconhecessem quando estivessem cara a cara. Isso importava menos. Seguiu até o palco, fazia tantos anos. A coragem motivada pela saudade. Eles já começavam a enrolar os cabos, ajeitar as caixas, abrir as cases. Ela parou sem dizer nada, e os outros levantaram os olhos, sem conseguirem adivinhar. Se olharam e antes de falarem qualquer coisa, sorriram. Seria um bonito reencontro.
2 Comments:
Já começou.
beijoos
Vestido verde, soutien vermelho... Não é Fluminense né? Brincadeira.rs
Ótima narração e é aquilo... Coisas que todos nós passamos.
Beijos
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