Alice
Alice não pensou que seria diferente, do outro lado tudo parecia exatamente igual. Os objetos, como também ela, talvez estivessem um pouco invertidos, e aquele relógio mais ao canto, poderia dizer que ensaiava derreter-se e escorrer pela parede branca. Mas de resto, o perigo que representava era o mesmo: a familiaridade do ambiente conhecido. E tão logo enfadou-se da calma entediante daquela tarde ensolarada, resolveu, primeiro arriscar uma das mãos, e ver se a passagem imaginada era de fato uma possibilidade. E o braço ficou dividido, metade de um lado, metade do outro. Com uma expressão de “Oh!” resolveu experimentar a segunda, e em seguida uma perna. Quase sem perceber, de uma sugada súbita, Alice atravessou o espelho. Do outro lado, não havia coelho algum, porém todo o antigo reflexo se transvestia em algo novo, completamente inesperado e simplesmente maravilhoso... O desconhecido mundo das cores que mudavam de cor num piscar de olhos, dos objetos que caminhavam pela casa, a estante mais lentamente a fez lembrar a tartaruga do jardim. Percebeu que a janela não dava para o lado de fora, e sim o contrário, como se tudo lá fora, espiasse secretamente ali dentro. Sentiu-se parte da paisagem. E assim que ouviu a voz de alguém que a chamava, muito ao longe: “Alice...” “Alice...” avistou uma corredeira de água, que caia sei lá pra onde e resolveu pegar uma carona. Foi engolida pelo misterioso mundo dos devaneios extraordinários. Através do espelho Alice era outra. Tão óbvio como dizer que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
2 Comments:
Belo texto Marcela,
gostei de sua preferencia musical,
parabens...
Solicite lista completa dos
meus cds...alguns tem na net para baixar....sao 1313...tem gosto pra tudo...
farguedes@gmail.com
abraço
guedes
Gostei Be! Gostei bastante...
Acho que todo mundo já quis ser meio Alice e ver o que ela acontrou através do espelho... Eu queria... ;)
Beijos
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