No meio do redemoinho
Joguei um pensamento num redemoinho,
como um barquinho feito de pedaço de jornal,
que foi rodando, circundando a bacia grande,
a água desfazendo-o aos poucos,
ele se aproximando do centro.
Eu olhava-o sem menção de interferir,
segurava a bacia diante do rosto,
com a curiosidade que é inevitável,
mas que não tem coragem suficiente para se manifestar.
A água desfez o jornal,
que foi parar no fundo da bacia,
antes que o pensamento chegasse ao destino, olho do redemoinho.
Mais tarde observando o que restava no acinzentado assentado
do recipiente que ainda segurava com vacilantes mãos,
não pude chegar à conclusão nenhuma.
Salpiquei o resto do jornal empapado nos vasos de flores da varanda,
e dei como suficiente a força que o moveu do princípio.
Reguei os brotos com a água da bacia,
imaginando que as próximas flores nasceriam mais belas.
Torci para que despontasse algum botão azul como o céu,
o que já seria um pequeno milagre.
E mais que um pensamento, o nascimento, a renovação, a vida...
O que restasse daquele movimento resignado
seria sugado pelas raízes.
E na minha calma solitária, prometo seguir buscando
outros pensamentos, redemoinhos
e principalmente pequenos milagres.
3 Comments:
Pensamentos e pequenos milagres. Giros e redemoinhos que dissolvem o papel, o sonho e, em ambos, a fragilidade. A tua poesia é de encantamento e cria imagens dinâmicas. Também gosto do modo como escreve.
ABraços e obrigada pelas palavras lá no 'inspirar'.
Sinta-se sempre à vontade, lá é um espaço entre @migos.
é isso! vamos fazer um video clipe!
Oi,
adorei seu blog
acesse nosso blog:
bloguedesmusica.blogspot.com/
Postar um comentário
<< Home