segunda-feira, dezembro 17, 2007

Pai,

Queria te dizer uma porção de coisas, mas essencialmente que o meu amor é de tamanho desproporcional ao mundo, e que você o leve. E que você vá leve, porque merece, e mais tarde a gente se encontra. Porque o amor transcende, porque ele fica, apesar de tudo. Porque eu te amo. Porque como pai você foi meu herói. E é. Ainda. E sempre. O mundo perdeu hoje. Mas sua vida foi linda, é isso que importa. Eu queria lembrar um monte de coisas, como a música que você assoviava todo dia, e eu ouvia antes de você entrar em casa. Queria lembrar do teu riso, e ouvir a sua voz. Mas eu fico com os ensinamentos, e fico com o teu amor, que sei, era grande. Eu fico com o teu pedaço dentro de mim, que carregarei, por ser sua. Eu quero o teu abraço, o teu carinho, as nossas conversas de madrugada. Como era bom, a gente se perder nas horas e ir dormir de madrugada. Eu queria tanta coisa... Queria te agradecer por tudo, queria dizer que não poderia ter sido melhor, que você não poderia ter sido melhor. Você que me ensinou a andar de bicicleta, você que embarcava em cada uma das minhas loucuras. E nossa casa quase vira um zoológico, e você se fez de ator, e roteirista, e me construiu uma casa de bonecas, e depois fez os móveis da minha casa. As cachorras sentem sua falta e não entendem. E eu e minha mãe, nem se fala. A gente entende, mas difícil aceitar. Não sei como vai ser daqui pra frente, porque eu me sinto vazia, falta um pedaço. A casa ficou tão grande de repente. E todas as coisas têm um pouco, ou muito de você. As cores no quarto, as coisas na estante, as fotos, os livros, parece que você vai entrar a qualquer momento e dizer que acabou a brincadeira. Vai entrar assobiando, aquela música que eu não consigo lembrar, e ai vai me parecer tão óbvia. Vai entrar soltando a Nina da corrente, e ela fazendo o maior estardalhaço. Mas a verdade pai, é que você não vai entrar nunca mais. Então acho que eu não vou lembrar a música. A gente ta sem lugar, sem saber o que fazer. Você era a alegria das nossas vidas e você sabe. Saudade das suas piadas sem graça, saudade dos seus conselhos, da sua segurança, saudade da sua voz desafinada quando cantava, saudade da sua espontaneidade, saudade de tudo em você, saudade que não acaba mais. Saudade de quando você me ligava só pra dizer que tava com saudade. A separação é dura. Mas fico feliz por você ter me esperado chegar. Fico feliz por você não sofrer mais. Mas hoje é o dia mais triste da minha vida.

Eu te amo

Um Beijo

Marcela

4 Comments:

Blogger Babi said...

Marcelinha,

força nessa hora difícil. Te encontro em BH!

Bjo

10:23  
Anonymous Anônimo said...

Querida moça bonita.

Você é forte, muito forte. Vai passar por isso muito mais forte ainda. Te mando um abraço apertado que eu adoraria te dar pessoalmente.

Um beijo,

Luanne.

13:04  
Anonymous Anônimo said...

Oi cela! vc tá em bh? se tiver me liga pra gente sair ou ver um filme, sei lá. A saudade do bira dói em todos...nem dá pra acreditar né!
sabia que vc e ele estão no meu memorial? (é um trabalho que eu tive q fazer na facul, depois te mostro).
se precisar de qualquer coisa vc sabe né? bjuuus, Gigante

10:25  
Anonymous Anônimo said...

Marcela,

Quem a gente ama vive com a gente, ainda que distante. Tio Bira tinha jeito alegre e ternos coloridos, presenca leve e um assovio. Lembro dele roubando as balas da corocacao de N. Senhora (voce nem era nascida) e levando bronca da vovo' Graciema. Ele sempre tao maroto, arteiro, menino. Ele vive em voce e em todos nos, que o amamos tanto!

com muito carinho da prima Edith

14:34  

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