quinta-feira, dezembro 20, 2007

Sobre Asas Fechadas


Teve um dia, poucos pra trás, que acordei de sono pesado, quase desmaiado. E não era mais eu. Entende? Simplesmente, de repente, me pareceu que o azul do céu não fazia sentido. E por que bonito o dia, se por dentro estava tudo tão feio, em cinza fechado? E as costas me pareceram pesadas e os sentimentos. Me sinto tão perdida, não sei mais qual é a minha casa, nem para onde correr. Se corro, ou fico parada... Não sei onde está o amor, ele anda tão disperso que, às vezes, me questiono se existe. É possível viver sem amor? Sinto como se nada pulsasse aqui dentro. Dei uma pausa na correria cotidiana, para me deixar ser carregada e sentir muito pouco qualquer coisa. Chego a me espantar com algum sorriso. Eu queria que pulsasse, queria sentir o chão para poder correr. E sim, me perder, quem sabe? Mas jogar com a possibilidade de me aventurar. Viver. Abrir as asas e ficar mais leve, acredito que eu possa voar, mesmo sem tirar os pés da terra, mesmo sem ter asas que os outros possam ver. Precisei de abraços, uns mais que outros. Precisei de amor, uns mais que outros. Mas aprendi que, sincero, é quando vem sem pedir. E dói, quando não vem. Acalma saber que palavras e abraços inesperados chegaram. E outros esperados, vieram de mala nas costas. Eu não amei demais. Mas amei o suficiente algumas vezes. O suficiente necessário para sofrer. Talvez eu tenha amado errado. Aliás, esse é um dos meus grandes problemas. E por isso parece difícil continuar. Ou acreditar no amor que valha a pena. Ou se deixar amar. Tem chuva lá fora. E esse cair da água me parece música, me faz sentir o mundo que rodeia. E as horas continuam, e eu preciso caber dentro delas. Preciso voltar, mesmo doída, pois se há dor, ainda pulsa, mesmo que no fundo. E eu estou jogando, no momento de virar o tabuleiro e algumas peças. Mudar coisas de lugar e me permitir... As asas vão abrir um dia, hoje não, ainda. Mas sinto a força que vem, sem saber de onde... Acredito em anjos e em um, que me guarda. E a chuva, daqui a pouco passa. E o amor daqui a pouco chega. E ai sim, as asas.

1 Comments:

Blogger Ana Moura said...

E eu só posso desejar, de coração, um 2008 com a paz e o sono que você merece. O amor? Que você resgate um amor seu... aí dentro... para depois descobrir os outros aqui fora.

Muitos beijoos

18:45  

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