terça-feira, julho 31, 2007

Insônia

Ok. Eu comigo mesma, sou minha pior inimiga. E as horas que a cama me rouba inutilmente porque não consigo dormir, malditas horas inaproveitadas, eu tão sem tempo pra perder. O frio corta no gelado do vento lá fora, e o meu cobertor é pouco, psicologicamente ainda sinto mais frio do que é. Como se o vento que sopra e me chega aos ouvidos atingisse também a pele e... Ai que gelo! Me encolho mais, falta o calorzinho de alguém. Hoje tinha uma lua linda, ouvi que era dia, ou noite, para se namorar, e o friozinho, se aconchegar... Mas fazer o quê? Agarro-me mais ao travesseiro e tento dormir. Não vem! Os carneirinhos me são inúteis, sempre foram. E os pés se enroscam. Meu sono passeia enamorado de alguma dama por ai, foi aproveitar a lua, e eu fiquei. Também, tantos problemas afugentam os sonhos. Queria um botão: “Desmemoriação Momentânea” para que eu pudesse dormir. Cedo de amanhã o dia já me cai sobre os olhos e lá vou atravessar pro Rio na barca. E a desmemoriação vem embalada na água. Tudo em câmera lenta, o próprio corpo vai na inércia. E o sonífero da noite virada se impõe, zombeteiro. E os problemas? Putz, tão sem cabeça... Um bocejo, os olhos vermelhos, já viu? Sempre sonolenta de manhã, desde lá dos tempos do colégio, seis horas o despertador. Saudade da minha cachorrinha, dormia assim enroscada nos pés, ela levantava sem sono e me chamava. Dormia de tarde, eu não podia e olhava invejosa. Mas com ela, às vezes, me estirava no sol que batia na cama. Só meia horinha... E ficava. Queria um cachorro, de repente me sinto sozinha. De repente o frio... Se a chuva viesse de rebarba pelo menos trazia o sono, mas só o vento canta. Isso! É o sentimento deslocado, dúvida de pertencimento, falta de raiz, já senti outras vezes, tão ruim. Não me deixa dormir. Talvez passa, agora complicado. Saudades de Nina, saudades de casa.

domingo, julho 15, 2007

A menina e o peixinho

Um dia a menina perguntou para o peixinho:
_Então, pequeno e dourado, vivedor do aquário solitário, me diga, como vai ser a minha vida?...
O peixinho encarou-a de pronto, ouvidos atentos, borbulhou uma resposta, secretada, que a menina teve que se aproximar mais do vidro para distinguir bem. Então, ela calou-se atenta e refletiu um instante. Seria tão simples a resposta? Ou ela, criança demais para compreender os segredos da vida, não podia entender, ainda, o que o bichinho tentava lhe dizer?