Insônia
Ok. Eu comigo mesma, sou minha pior inimiga. E as horas que a cama me rouba inutilmente porque não consigo dormir, malditas horas inaproveitadas, eu tão sem tempo pra perder. O frio corta no gelado do vento lá fora, e o meu cobertor é pouco, psicologicamente ainda sinto mais frio do que é. Como se o vento que sopra e me chega aos ouvidos atingisse também a pele e... Ai que gelo! Me encolho mais, falta o calorzinho de alguém. Hoje tinha uma lua linda, ouvi que era dia, ou noite, para se namorar, e o friozinho, se aconchegar... Mas fazer o quê? Agarro-me mais ao travesseiro e tento dormir. Não vem! Os carneirinhos me são inúteis, sempre foram. E os pés se enroscam. Meu sono passeia enamorado de alguma dama por ai, foi aproveitar a lua, e eu fiquei. Também, tantos problemas afugentam os sonhos. Queria um botão: “Desmemoriação Momentânea” para que eu pudesse dormir. Cedo de amanhã o dia já me cai sobre os olhos e lá vou atravessar pro Rio na barca. E a desmemoriação vem embalada na água. Tudo em câmera lenta, o próprio corpo vai na inércia. E o sonífero da noite virada se impõe, zombeteiro. E os problemas? Putz, tão sem cabeça... Um bocejo, os olhos vermelhos, já viu? Sempre sonolenta de manhã, desde lá dos tempos do colégio, seis horas o despertador. Saudade da minha cachorrinha, dormia assim enroscada nos pés, ela levantava sem sono e me chamava. Dormia de tarde, eu não podia e olhava invejosa. Mas com ela, às vezes, me estirava no sol que batia na cama. Só meia horinha... E ficava. Queria um cachorro, de repente me sinto sozinha. De repente o frio... Se a chuva viesse de rebarba pelo menos trazia o sono, mas só o vento canta. Isso! É o sentimento deslocado, dúvida de pertencimento, falta de raiz, já senti outras vezes, tão ruim. Não me deixa dormir. Talvez passa, agora complicado. Saudades de Nina, saudades de casa.