terça-feira, novembro 28, 2006

Menina e Meu Preto

(Bê, Giu e John)

Meu preto lhe deu um presente, amarrado por notas em sol
assinando assim confidente, seu amor sustenido e bemol
Menina não vá esquecer o presente assim de repente
coitado do preto, que chora e não faz mais canção, nenhuma
Menina dos olhos ardentes, que repuxam a mente da gente
e amendoam o meu coração

Menina acha que é brincadeira, pensa que o preto não quer tocar
explica fazendo zoeira, e esconde o lamento a cantar
Meu preto não fique doente, aguente a teima
menina que esconde o balanço que vem junto do violão, mas não
Não diga que isso é besteira, que você não samba,
alucina o pandeiro e sai pela roda a dançar

Meu preto menina te encanta, sem teus olhos não sabe tocar
Menina cabreira não engana, sem meu preto não pode dançar
E depois quando o samba acabar, não me finja menina morena
pois teu preto você vai levar, pra lá
Então me dá o seu breve silêncio, de novo sacode
dá a volta por cima e arranja outro nego pra gente brincar

domingo, novembro 19, 2006

E por fim

E por fim, na última carta, diz o que guardara contido, do último dia: como pudera defrontar-se com tão belos olhos sem sentir-se tocado? Estava sim, como nunca dantes marcado. Com ausência de palavras ditas e vastidão de palavras em burburinho na cabeça. Precisava dispersá-las em papel e caneta para aliviar a mente. Talvez nem endereçasse tal carta, de todas as possibilidades, a mais provável é que continuasse ali, perdida no caderno, apenas como forma de remédio instantâneo para o remetente aflito. E então somou todos os dias e todas as horas, cada momento, e entre esses transcreveu a melhor parte. Com letra escrita pela saudade do ontem. Deixou para as últimas linhas a despedida e o nome completo para pontuar autoria. Fechou o caderno, guardou a caneta e respirou aliviado, podia dormir agora. E naquele caderno ficou a carta, a última de outras tantas nunca enviadas. Entre o amor sobrava o caderno, os dias, as cartas, todas as horas e as palavras omitidas.

sábado, novembro 04, 2006

O DIA

Passou sem dizer como foi como é
Diga ao menos, meu bem,
Como foi o seu dia
Suas alegrias, teus casos de amor
E as desilusões desses últimos dias
Pra quê melancolia,
Tristezas contidas
Depois de conversas, o dia
Que vem, sempre amanhece mais um dia,
Gatos, cachorro, buzina.
Você passa e nem vê tudo que tem
Nem diz ao menos bom dia.
Bom dia,
Amores em qualquer esquina
Desfiam seus fins.
E um dia,
As pétalas voltam às flores
Num muro de giz.

Ainda lembro os bilhetes
E as tuas palavras
Contando mentiras de dias passados
Nem faz muito tempo
Sussurros e afagos
Sorrisos e beijos sem dias marcados
Te conto um segredo
Quando o amor acaba
Os dias são tristes e as noite em claro
Porque passa e finge que não vê
Eu te esperar para um dia
Dizer tudo que guardo de você
Pra começar novo dia
Bom dia,
Amores em qualquer esquina
Desfiam seus fins.
E um dia,
As pétalas voltam às flores
Num muro de giz.