domingo, abril 30, 2006

Miró e Mário


Das Utopias

(Mário Quintana)

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!

quarta-feira, abril 19, 2006

De manhã

_Eu faço a barba por você...
De calça de pijama, blusa de moletom, chinelos havaiana, cara barbada e as chaves do carro na mão, Caio confessa, espantado, para Luiza. Ele do lado de fora, ela no apartamento e, entre eles, a porta entreaberta. Ela não diz nada, continua mirando-o, incrédula, não eram nem sete horas da manhã, havia despertado com o estampido da campainha, e no momento se pergunta se aquilo realmente estava acontecendo, ou se fazia parte de algum sonho.
_Hoje de manhã, quando levantei e me olhei no espelho do banheiro, compreendi tudo e não pude esperar mais, tinha que vir... Esses últimos dias tenho andado tão largado e despreocupado com a aparência, que as pessoas me evitam, ou sou eu que as evito, não sei... O que sei é que ao ver essa barba de quase um palmo de comprimento, percebi que só a fazia toda manhã para sentir minha pele se encostar na sua quando te beijasse.
A porta do elevador se abre e o vizinho do apartamento ao lado chega trazendo uma sacola de pães. Ele acha a cena estranha, mas tenta disfarçar cumprimentando os dois com um movimento de cabeça, entra e, rapidamente, fecha a porta. O corredor fica tomado pelo cheiro dos pães frescos.
_Percebi que a gente se arruma para quem ama... Percebi que te amo.
Caio sentencia e espera com olhos suplicantes pelo veredicto dela, precisava dizer tudo, sem pensar muito, deixar que as frases saíssem como as sentia. Luiza engole em seco, ainda não acostumara com a luz da manhã, mas sabia que não era sonho.
_Você devia ter trazido pães frescos...
Ela diz e termina de abrir a porta.

quinta-feira, abril 13, 2006

Fuxicos pelo cobertor

No rádio a música tema de nós dois,
O beijo que não quer calar
Quando eu disser adeus sorrindo
E ver você sumir

É outono e é fim da tarde,
Numa esquina, em qualquer lugar
Uma mesa no canto da rua
E a cerveja naquele bar

Se eu fosse uma cena de cinema
Diria eu te amo
E para sempre assim...
Feliz... Fim

De repente tão diferentes
Diz o poeta sabedor
Lágrimas, pingos da chuva
Levem embora o meu amor

Retalhos de conversas nossas
Fuxicos pelo cobertor
Anjos caídos na terra
Bordem as asas com a minha dor

Minto pros teus olhos
Digo que já foi, que não é pra ser,
Peço atenção pra canção
E para os versos que eu fiz pra te esquecer

Pra te esquecer enfim...