domingo, julho 25, 2010

Pequeno questionamento cotidiano

No meio da Era digital, onde anda o mistério?
Tudo muito rápido. Um clique é o tempo.
O tempo de se apreciar o tempo passar
Olhar a paisagem se perdeu na falta de tempo a perder
Piscar pode ser um perigo
quando a vida passa rápido diante dos olhos
Algumas vezes te atropela e te mata
Existe o excesso de informação, de lixo eletrônico, de poluição
A neblina é fumaça de carro pela manhã
O ser humano é o único animal
que destrói o próprio meio de sobrevivência
E não nega, mas a culpa é dos fenômenos climáticos inesperados
A chuva mais que alaga, derruba tudo, desaba casa, vira lama
O estresse é a doença e a explicação da última década
Puta vida sem graça, sô!

quinta-feira, julho 08, 2010

Antônio, o astronauta

Se Antônio pudesse escolher entre todas as profissões do mundo, sem sombra de dúvida, aos sete anos, teria inadvertidamente escolhido ser astronauta. E o pequeno aspirante a errante vagante dos céus, entre cometas, estrelas cadentes, planetas de anéis, se daria por satisfeito em explorar por tempo indeterminado, aquela imensidão. Antônio então passava horas e se pudesse dias e noites inteiras, com o pescoço dobrado para cima, deixando a vista alcançar longe e se perder no meio de tanta imaginação e sonho. Antônio era um menino incomum, não sabia diferenciar, na maioria das vezes, a invenção da realidade. E achava que os outros que viviam apenas para brincar de bola, pique-pega, esconde-esconde, e corre pra lá, e corre pra cá, não sabiam enxergar além do que tocassem os olhos e por isso, não o compreendiam. Mas Antônio sim sabia se divertir, e ficava cada vez melhor em identificar constelações, diferenciar planetas de estrelas e vislumbrar crateras na lua. E o maior presente que podia ganhar na vida, veio do pai, que achava graça na excentricidade do filho. Toninho ganhou de aniversário uma luneta. A partir desse momento, tudo passou a ser Antônio e a luneta. Dois companheiros inseparáveis. E enquanto os meninos da rua tinham bichinhos de estimação, Maria tinha uma tartaruga, Camila tinha uma gatinha e Beto tinha um cachorro, Antônio por sua vez, tinha uma luneta. E como não podia deixar de ser, o menino a batizou com o apelido carinhoso de Lu. Como se embarcasse numa nave espacial, Antônio deitava na grana, apertava a luneta contra um dos olhos, fechava o outro e viajava por todo aquele universo, que como um manto preto cheio de furinhos, cobria o quintal e a casa. Antônio achava a felicidade simples. Ele achava a felicidade em cada ponto brilhante, em cada cometa rasgante, no azul do céu, na escuridão da noite, no calor que apenas o sol conseguia imprimir na pele. Sem saber, Antônio já se tornara um astronauta. E como viajava pelo espaço.