terça-feira, março 24, 2009

Poesia Perdida

Eu poderia fazer um poema. Poderia contar a história do louco, que em meio aos seus tantos livros, perdeu-se na profundidão sem fundo de alguma história inacabada e esquecida. Dessa forma fez-se louco, ou incompreendido. E passou a vagar sozinho em busca de um poema, que se tão belo fosse, o faria encontrar o fim daquela história vadia, que agora o pertencia. Mas o velho continuou louco, sozinho e esquecido. O poema não veio, e a história ficou sem fim, perdida pelo meio. Poderia também, ao invés disso, contar da menina, aquela que imaginava pintura a cada paisagem bonita. Que por algumas músicas chorava, com a certeza de serem divinas. Acreditava que notas sincronizadas em mais perfeita harmonia não poderiam ser somente obra do homem do dia-a-dia. E cantava, como cantava aquela menina! Que em noite de lua exibicionista e cheia, se desprendia do canto e passava a recitar poemas improvisados que jamais lembraria. Se eu fosse poeta, ai sim faria. Agora! Exatamente enquanto essa caneta corre, um poema, um verso, uma simples palavra que significasse poesia pura. Diria que nuvem é algodão leve, que desprendeu-se da gravidade e resolveu ficar no céu que é mais bonito. É como eu disse, até poderia e se eu pudesse... No entanto, não acredito que os poemas sejam feitos. Sou mais como a menina e o louco, os poemas devem ser encontrados e algumas vezes ditos apenas uma vez em lampejos criativos, depois esquecidos. E pode ser que assim, já tenha perdido alguns pelo caminho.