terça-feira, maio 01, 2007

Janela para o infinito

O telefone toca.
Ela não quer atender. Sabe? Um telefone tocando, uma janela para o infinito. E depois de tantas coisas...
O telefone continua tocando.
Ela olha para ele, como se encarasse alguém, como se cada vez que ele chamasse, cada trim, doesse. Uma fisgada lá no fundo, que ela nem sabe precisar de onde vem.
Mais um trim.
O último que ela pode suportar, senta-se no sofá ao lado dele, coloca a mão no gancho.
Ela atende.
Do outro lado o silêncio espera por alguma palavra, que não vem.
Põe o telefone no gancho.
Difícil demais dizer qualquer coisa, melhor calar para não sofrer, melhor nem saber.
Tira o fio da tomada.
Ainda é cedo.